Maio Parisiense

 

 

Retrato da situação político-social e económica da França.

    A França de 1968 era um país rico, tal como o conjunto do mundo ocidental, resultante dos “trinta anos gloriosos” do pós II Grande Guerra.

    Uma França próspera mas, no entanto, muito dependente dos Estados Unidos. A asfixia que se viva neste país, irá reflectir uma tendência de mudança a nível da estrutura económica dos países directamente envolvidos com os EUA. Consequentemente, surge na França um aumento das exportações e equipamentos, em função do detrimento do consumo, o que virá a provocar tensões sociais.

    No plano politico interno, vingava na França desta década o “Gaulismo”, nome da política de direita conservadora liderado pelo General De Gaulle. Medidas deste modelo, um dos principais rastilhos da revolta de 68, levará os estudantes a contestarem essa forma de regime.

    No plano interno, a política do General, para além dos acordos Franco-alemães, e Franco-Sovieticos, em 63 e 65, visava limitar o poder dos partidos minoritários (de esquerda) que eram considerados como uma causa determinante da debilidade e instabilidade dos governos que se tinham alterado no poder anteriormente a este, que se iniciou em 1958. Esta política de exclusão irá despoletar nas forças políticas não Gaullistas, uma aspiração natural de oposição a este desiderato. Embora não tenham conseguido criar um pólo de oposição credível ao partido Gaulista (VDR) nas eleições presidenciais de 1965, começou a ganhar corpo um projecto de União de esquerda. François Miltarand, socialista, coligou em seu torno os eleitores da esquerda (socialistas, comunistas e radicais) e pela primeira vez desde que Gaulle assumira o poder, este não obteve maioria absoluta, totalizando 13% do sufrágio contra 32.23% a favor de Miltarand, esta “vitória”irá fortalecer as forças de esquerda e demonstrar que o regime do General não é assim tão inderrubável.

    As eleições legislativas de 1967 constituíram uma nova prova que a influência do Gaullismo no eleitorado estava em declínio; o partido do General nessas eleições, tangencialmente, com 244 lugares no total de 487, os restantes foi conquistado pelos partidos de esquerda.

    Para não bastar, este clima de instabilidade interno no Partido Gaullista, este irá também deparar-se com o “Maio Francês” o impetuoso movimento estudantil que abalou a França em 1968.